Esboço de uma nova teoria da alma humana – Machado de Assis
Vivemos a todo momento procurando dias de paz, dias que esperamos nunca deixar passá-los sem que aproveitemos o máximo.
Esse é o grande desafio do mundo moderno, pois o homem conquistou quase tudo que sua ambição permitia, mas a procura, a tentativa da descoberta de si ainda é muito recente. Freud foi quem começou deveras com a procura do “Eu”.
Desde os primórdios, o homem tenta se descobrir, procura uma identidade própria, mas o que mais o incomoda é saber que não está sozinho no universo e não sabe quem o criou. Ele acredita em Alguém que nunca viu e é uma das maiores certezas de sua existência, ao mesmo tempo, essa verdade absoluta gera muitas interrogações em sua cabeça.
Mais complexo que no século XVII, época em que o homem não sabia qual dos dois mundos ele deveria aproveitar, hoje ele vive a dúvida de qual dos dois seres humanos que o habita ele deve ouvir. Isso mesmo, todos nós possuímos duas pessoas dentro de nós, uma mais ciente e comportada e uma outra mais emotiva e temperamental.
Pois em momentos desfavoráveis a nós, nos comportamos como o segundo enquanto só exteriorizamos o primeiro quando vemos algo prejudicial ao outro; logo podemos ser mais frios ao analisar uma situação.
Mas essa é a única razão de nossa constante mudança no mundo: a procura de nós mesmos, que faz o homem olhar para si com o olho do outro e este olhar crítico diz muito.
P.S – parafraseei esse texto de um conto de Machado de Assis chamado O espelho. Um fragmento “...se querem ouvir-me calados, posso contar-lhes um caso de minha vida, em que ressalta a mais clara demonstração acerca da matéria de que se trata. Em primeiro lugar, não uma só alma, há duas...”. Com certeza vale a pena conferir!
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