Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
Soneto de Fidelidade
De tudo, ao meu amor serei atento antes
E com tal zelo, e
sempre, e tanto
Que mesmo em face
do maior encanto
Dele se encante
mais meu pensamento
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor
hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e
derramar meu pranto
Ao seu pesar ou
seu contentamento
E assim quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte,
angústia de quem vive
Quem sabe a
solidão, fim de quem ama
Eu possa lhe dizer do amor (que tive):
Que não seja
imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure
SONETO DE SEPARAÇÃO
De repente do riso fez-se o pranto
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