Escreva Bem

Vou-me embora pra Pasárgada!!! Acho que todo mundo já ouviu esse verso de Manuel Bandeira. E, até pouco tempo atrás, imaginava eu, que essa Pasárgada era um devaneio de noites em claro, decorrência da tuberculose do poeta pernambucano, mas não, ela existe mesmo! Pasárgada era uma cidade da antiga Pérsia, atual Irã, foi umas das capitais persas na era de Ciro II (559 e 530 a.C.), seu fundador, dividindo este posto com outras cidades, simultaneamente, e, hoje em dia, é um sítio arqueológico, Patrimônio Mundial da UNESCO. Devido à morte do imperador em uma batalha, a cidade ficou inacabada. O monumento mais importante de Pasárgada, certamente, é a tumba de Ciro, apesar de não haver evidências que confirmem que seja o grande imperador persa que lá esteja enterrado.

A Pasárgada de Bandeira parece mais calma, alegre e aconchegante. Quando ouvimos seus versos, imaginamos um lugar onde tudo podemos; ele parece cantar a Walt Disney nordestina, com todas as permissões possíveis, acompanhadas de um surrealismo pueril e aceitável, lá o sonho parece possível. Já Cagiano fala de outra Pasárgada. A sua parece ser um local distante dessa realidade cruel, desonesta e corrupta. Seriam Pasárgadas diferentes? Certamente não. Os dois parecem concordar em um determinado ponto: preferem viver no mundo real e quando dá aquela vontade de jogar tudo pro alto e chutar o balde, preferem parar e dar um grito de independência. Vou-me Embora pra Pasárgada!!!