Não me é raro ocorrer essa pergunta: ...e a poesia da vida, cadê? Bom, sinceramente, é uma pergunta que ainda não achei resposta, desculpa ou qualquer alternativa que me confortasse. Como uma idéia puxa outra, vem-me à mente uma célebre passagem do Sermão da Sexagésima, de Padre Antônio Vieira, que diz assim:“Antigamente convertia-se o mundo, hoje por que não se converte ninguém? Porque hoje pregam-se palavras e pensamentos, antigamente pregavam-se palavras e obras. Palavras sem obras são tiros sem balas; atroam mas não ferem.”
Essa dúvida persiste, pois é cada vez mais incoerente viver num mundo em que a informação é um dos bens mais preciosos e as pessoas, simplesmente, as ignoram, ou boa parte destas. Mas, talvez consiga eu, achar um raciocínio lógico para isso.
Antigamente, lia-se, ouvia-se e assistia-se a grandes sábios e grandes mentes. Hoje em dia, porém, há um culto imenso, exagerado até por demais, pelo vazio ou pelo simples. Os valores se inverteram subitamente e não se preza mais uma boa leitura ou um ato digno.
De vez em quando surge alguma mente lúcida, com uma atitude ou um texto reacionário ao ordinário e vira a febre do momento, como se isso fosse um surto esporádico entre nós, daí isso vai parar na internet e nas demais mídias e todos passam a ter a esperança de que algo, um dia, possa mudar, mas ninguém não pensa em mudar. Apenas imaginam, não agem, ou seja, atroam, mas não ferem.
Fico com a ligeira impressão de que não é tão difícil mudar, é árduo apenas. Surge então a figura do cavaleiro andante, Dom Quixote de la Mancha. A expressão ‘quixotesco’ é oriunda desse grande cânone literário, criação do escritor espanhol Miguel de Cervantes, que narra as aventuras de um fidalgo que enlouquece lendo livros de cavalaria e resolve sair Espanha afora, acompanhado do simpático Sancho Pança, um camponês que se torna seu amigo e escudeiro. Nas suas várias andanças, enfrenta inimigos e monstros imaginários. Apesar de seus continuados fracassos, o bravo Dom Quixote não desanima de sua missão de cavaleiro andante, o que faz o termo ‘quixotesco’, até hoje, uma forma de designar, com simpatia, a pessoa que tem intenções e ideais nobres, mas é sonhadora e afastada da realidade.
Mas devo confessar que também hoje existem algumas pessoas que fazem suas mensagens serem ecoadas longe e com um conteúdo, se é que é possível definir assim, deplorável. E são elas que têm acesso às grandes massas, deturpando assim os valores intelectuais, culturais, sociais etc. O que acontece com esses pop(incult)stars é que conseguem persuadir o outro a aceitar determinada questão, assunto, conhecimento como verdade.
Gostaria de estar aqui dissertando, a respeito das riquezas culturais e intelectuais de nossa gente, e não isso: a desvalorização de alguns aspectos de nossa sociedade. Vaidades que a terra um dia há de comer.
Como dizem por aí, este é o país do faz-de-conta. Mas democracia é isso. É a vontade da maioria, mas não me conformo. É desinformação da população? Não, não é. Isso vem até da classe dos pseudo-intelectuais, dos artistas. Mas o que se pode esperar de uma mulher-melancia, morango, melão e outras frutas que logo, logo apodrecerão?
Vou continuar protestando sempre, mostrando minha insatisfação. Não faz sentido dizer que não vou fazer mais nada e deixar a orgia vencer. Vou ficar mais insistente, mais chato! Vou continuar pelejando por todos os meios possíveis! Um grande homem, que pregava realmente valores para multidões, Martin Luther King, sempre começava seus discursos com essa célebre frase “Eu tenho um sonho que um dia...” e eu também tenho o meu: de que um dia possa eu refazer esse texto enaltecendo os grandes pensadores e seus feitos e possamos ver como o mundo e as pessoas estarão melhores, nem que seja só um pouco. Só espero não ter sido tão quixotesco durante essas palavras...
P.S – perdoem as frases feitas e os jargões, mas fizeram-se necessários.
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